Friday, March 02, 2007


Deixa-me olhar-te pássaro real
A saltitar nesta tarde esquecida
Como uma clara afirmação de vida
Mesmo porque esse teu corpo vale.

Que alguma coisa morre em cada qual
Leio-o nessa cabeça ao alto erguida
Mas tens a alegria extrovertida
De não sentir em ti o nosso mal.

Somos contemporâneos meu amigo
Por isso posso conviver contigo
Compartilhar o orgulho de estar vivo.

Eu penso e tu não pensas é que é certo:
Tu a saltar e eu aqui tão perto
A pensar que da morte não me privo.
(Ruy Belo - "Meditação Magoada")